A importância de selecionar o que se passa na mente

A importância de selecionar o que se passa na mente, uma vez que é dela que decorrem todas as ações humanas. Isso credencia estudiosos a afirmarem que pensamentos otimistas levam a atitudes otimistas.

Se existe uma coisa que o homem pode se considerar livre é na capacidade de pensar. Pelo menos neste aspecto, ele não precisa do consentimento de ninguém para conceber qualquer tipo de imaginação. Só que esta liberdade caminha numa pista de mão dupla. Ao mesmo tempo em que representa prazer e bem-estar, também pode ser uma fonte de angústia e tormento. Aí a importância de selecionar o que se passa na mente, uma vez que é dela que decorrem todas as ações humanas. Isso credencia estudiosos a afirmarem que pensamentos otimistas levam a atitudes otimistas. Inevitavelmente, as idéias negativas levarão a atitudes negativas. Tese que sustenta que a origem de todas as coisas está na mente: as boas e as ruins.
Para os teóricos da Física Quântica, este princípio é chamado de Lei da Atração, que significa atrair para si aquilo que se pensa e deseja. A mesma teoria revela que existe uma sincronia no universo, em que tudo está interligado. Reforçando a idéia que, simultaneamente aos pensamentos, seguem ações compatíveis. Se realmente é assim que funciona, é só colocar no "automático" e pronto. Fazer uma programação mental que tudo vai dar certo e assim vai acontecer. Acredite se quiser.
A psicóloga Andréa Cátia Beluomini rebate esta possibilidade e garante que o cultivo de bons pensamentos não dispensa a ação. Aliás, ela afirma o contrário. "Não é repetir apenas pra si mesmo que vai dar certo, mentalizar e ficar esperando que isso aconteça. Só o pensamento não tem a capacidade de gerar um resultado esperado. Junto a ele, é preciso que haja uma atitude também.", garante.

PESSIMISTAS X OTIMISTAS

Estudiosos afirmam que os pensamentos podem determinar e até transformar uma realidade. Mas por que será que algumas pessoas são tão otimistas e até nas adversidades conseguem manter o bom ânimo ao passo que outras vivem pra baixo, como se a vida representasse somente derrota? Será que umas são privilegiadas e vivem num "mar de rosas" e outras são contempladas apenas por infortúnios? Pesquisas mostram uma relação diferente e apresentam diversas explicações. A primeira, talvez a mais forte, parte da Neurociência, que afirma a existência de pessoas predispostas ao pessimismo e outras ao otimismo.
Segundo Andréa Cátia, nossas respostas emocionais são disparadas pelas amígdalas que estão presentes nos dois hemisférios cerebrais. A do lado esquerdo está relacionada a maior atividade das emoções positivas. Enquanto a do lado direito responde, principalmente, pelas emoções negativas. As ações do cérebro são organizadas de acordo com as expectativas criadas pelo córtex pré-frontal que está diretamente ligado às amígdalas. Em outras palavras, os pensamentos negativos ou positivos estariam relacionados com o DNA
Andréa explica, ainda, que o desenvolvimento social está ligado ao processo da fala. Por meio da linguagem, surge para a criança um sistema de códigos que define objetos, ações e relações. Esse fato, segundo ela, tem papel decisivo para o desenvolvimento da consciência e da formação dos pensamentos.
"A questão estrutural e da criação também tem influência sobre o que uma pessoa vai cultivar em sua mente. Uma criança que ouviu o pai dizer por várias vezes que ela não prestava, que ia ser ninguém na vida, que futuro terá ? Ela vai crescer com o que foi ensinado, já que a sua crença é que vai fazê-la pensar e agir de uma maneira ou de outra. Se acredito, faço. Se não acredito, não faço.", deduz.
O médico e trainer em neurolinguística Jougi Takahashi complementa essa idéia e explica que as pessoas reagem neurologicamente em relação a programas que foram criados lá atrás, especialmente entre zero e três anos de idade. Como exemplo, ele cita alguém que passa mal e reage sem controle ao ver um rato. "A parte negativa toma conta porque essa pessoa foi treinada. Existe um comando que age com base no que foi armazenado em seu cérebro.", esclarece.

IMAGINAÇÃO CONSTRUTIVA E DESTRUTIVA


O Dr. Jougi explica que a mente reage com base em dois tipos de imaginação: a construtiva e a destrutiva. A primeira, trata-se do recurso que possuímos em transformar em positivo os nossos comportamentos. Na segunda, acontece o contrário, ela transforma em negativos os nossos comportamentos. "Acabar o açúcar na hora de fazer o café pode gerar um grande desconforto e aborrecimento para muitas pessoas, a ponto de esse acontecimento estragar o seu dia e provocar um verdadeiro descontrole. Outras, podem ter uma atitude bem diferente. Quem sabe provar um café sem açúcar seja uma possibilidade? Ou não tomar café naquele dia. Neste caso, a pessoa usou a imaginação criativa construtiva.", conclui.
Ainda, como exemplo, Jougi Takahashi cita um trabalhador que, ao sair de casa, percebe um furo no pneu de seu carro. "Ele pode encarar o fato como uma tragédia e razão para deflagrar o mau-humor e irritabilidade. Outro cidadão, no entanto, pode enxergar no acontecimento uma oportunidade para refletir e rever alguns conceitos e atitudes.", sugere.
Não precisa se valer de pesquisas e nem de estudos científicos para concluir que é grande o número de pessoas que vivem com base na lamentação: tudo é difícil, pesado e doloroso. Vivem no extremo da reclamação, até nos momentos festivos e que deveriam ser de alegria. Mas existe também um outro grupo - os resilientes - que mantém atitudes assertivas no dia-a-dia e alimenta pensamentos criativos construtivos, mesmo diante dos piores problemas.
Andréa Cátia explica que a resiliência é uma característica que faz uma pessoa levantar-se rapidamente depois que cai. Ao invés de considerar uma catástrofe, a queda pode ser um trampolim ao crescimento. Para os resilientes, um obstáculo na vida pode ser uma oportunidade para reavaliar, mudar conceitos e ações. É o que o médico Jougi Takahashi classifica de imaginação criativa construtiva.
Especialistas afirmam que pensar é muito mais do que o ato de conceber uma idéia. Trata-se, na verdade, de uma questão de saúde. Estudos comprovam que algumas doenças estão relacionadas a determinados tipos de pensamentos. Assim, aquelas pessoas que têm a mente fomentada por pensamentos saudáveis contam com suporte maior de prevenção e cura. "Ao passo que o pessimista tem maior facilidade de adoecer, pois mantém-se com elevados níveis de hormônios do estresse.", assegura a psicóloga. Para Andréa Cátia, a mudança de pensamentos depende, entre outros aspectos, da escolha consciente e do ato de acreditar naquilo que se deseja.

CRIAÇÃO DE NOVOS PROGRAMAS


Jougi Takahashi diz que os pensamentos decorrem de programas que foram inseridos na mente. Assim, é possível criar novos programas para impulsionar a vida de uma pessoa e se desfazer daqueles que são prejudiciais? O trainer em neurolinguística sinaliza positivamente para a primeira possibilidade. Mas adianta que é preciso, antes de qualquer coisa, da autoconsciência. É um processo de mudança que exige o querer e uma busca contínua de melhoria "Esta busca contínua não visa à perfeição. É buscar todo dia melhorar e lutar pelo autodesempenho que terá como resultado a autodisciplina. A repetição dessa atitude gera o hábito e este é que vai repercutir mudanças positivas. Isto significa expandir o domínio da consciência - o que não está ligado a posses. Às vezes, um humilde monge lá no Tibete é muito mais rico que uma pessoa detentora de grande poder econômico.", compara.
Para o médico, a nossa mente cresce de acordo com o tamanho da consciência que existe. Se a consciência é pequena, nós também seremos pequenos. Neste aspecto, ele faz uma crítica contundente. "Muitas pessoas sofrem porque não buscam e não querem enfrentar desafios. Preferem o caminho mais curto a terem que estudar, ler e se aprofundar em suas dificuldades. Hoje estamos andando na contramão de muitas coisas, inclusive na educação, por programas negativos que foram incutidos. Muitos optam em viver na superficialidade a ter que lutar pela autoconsciência.", sentencia.
Se a autoconsciência é tão importante como frisa Dr. Jougi, como fazer para alcançá-la? "Em primeiro lugar, é necessário o silenciamento: ouvir a si mesmo. Depois, ter paciência, tolerância e percepção.", ensina. Quanto aos programas que existem na mente, o médico afirma que não é possível "deletá-los". Como ele bem destaca, é possível, sim, criar novos que permitem viver melhor. "Na verdade, vão existir dois programas paralelos. Mas o cérebro só processa uma informação. Ele não consegue processar o negativo e o positivo simultaneamente.".

TOCONSCIÊNCIA X AUTO-AJUDA


Diversos profissionais, especialmente médicos e psicólogos, classificam a autoconsciência como base para a mudança em muitos aspectos na vida. Nesta reportagem, por exemplo, os principais entrevistados deixam claro a importância da seleção e o cultivo de bons pensamentos. Enfatizam, no entanto, que pensamentos otimistas e atitudes maduras devem vir sempre precedidos da autoconsciência.
Outra corrente de pensadores afirma que a força suprema do universo é a do pensamento e a lei da atração. Essa, talvez, seja a base das obras de auto-ajuda. Elas propagam o poder da mente e preconizam que você pode tudo por meio do que pensa. Mas ficam na superficialidade, ao invés de aprofundarem nas questões que necessitam de tal tratamento. É como se fosse algo mecânico acionado por uma tecla na mente que dá, sem nenhum esforço, o que se pensa.
O best-seller o Segredo, de Rhonda Burne, está recheado de frases e idéias que exaltam o poder da mente em detrimento da reflexão e da autoconsciência. A obra garante que tudo na vida gira em torno da lei da atração e vai além: "A lei da atração lhe dá aquilo que você pensa e ponto final! O que você vê na mente é o que você tem na mão.". O autor cita muitos outros pensadores que destacam que você pode todas as coisas por meio do pensamento e da força da atração. Uma das citações de John Assaraf, por exemplo, assegura: "Você é o ímã mais poderoso do universo. Você contém uma força magnética dentro de si mais poderosa do que qualquer coisa neste mundo, emitida por seus pensamentos.".
O segredo que a obra revela, é na verdade, a lei da atração. O tema deu origem também a um filme. Uma das cenas que tenta fortalecer a idéia da força do pensamento é quando uma moça passa em uma loja e vê um colar na vitrine. Sem dizer nada a qualquer pessoa, no dia seguinte, ela ganha o objeto de seu namorado.
O que alguns estudiosos criticam nesse tipo de obra é que elas não ensinam as pessoas a refletirem, a pensarem criticamente e agirem com maturidade. Na maior parte, são idéias superficiais que não ajudam no crescimento, porque apresenta a vida como uma conquista muito fácil. O esforço, apenas, é o de pensar.

GERENCIAMENTO DAS EMOÇÕES


Autor do livro "4 Passos para a Mudança Interior", que será lançado agora em setembro em todo o Brasil, o filósofo Silas Barbosa Dias disse à Folha de Londrina, no mês passado, que o ser humano tem construído um "eu" doente. Ele afirma, no entanto, que é possível fazer o resgate da saúde mental gerenciando os pensamentos e as emoções. "As emoções geram decisões e hábitos que podem determinar o destino e as atitudes práticas de uma pessoa.", garante.
Embora pensamos bilhões de coisas em milésimos de segundos, Dias afirma que é possível parar o fluxo do pensamento negativo e desconstruir tais idéias, usando a técnica DCD: duvidar, criticar e determinar a mudança. "Antes de determinar uma mudança de pensamento, precisamos desconstuir uma crença falsa. Se você acredita que nada vai dar certo em sua vida e passar a duvidar, já começa a administrar isso.", explica. O filósofo afirma, ainda, que quando duvidamos de algo, o cérebro sinaliza para a possibilidade de mudar o caminho.
O filósofo compara a vida de muitas pessoas a uma cidade e diz que elas vivem em barracos psíquicos. "Há muitas pessoas que aparentam estar bem, mas moram intermente num bairro de preocupação, de ansiedade, de medo e pânico. Não é raro vermos pessoas morando nas mais belas casas e, ao mesmo tempo, habitando os cortiços psicológicos.".
Desconstruir os pensamentos negativos. Esta é a principal recomedação de Silas Barbosa para obter saúde mental. E como se faz isso? De uma maneira bem simples, a psicóloga Andréa Cátia diz que pensamentos negativos se combatem com pensamentos positivos. E a receita é o autoconhecimento e a atitude de escolher por pensamentos, pessoas e ambientes saudáveis e positivas.
Uma das coisas que fazem os pensamentos prevalecer e tomar corpo, segundo especialistas, é o seu cultivo. Conforme enfatizado nesta reportagem, vai predominar aquele que mais for alimentado. Existe uma ilustração disseminada em diversos sites da internet, já usada nesta revista, que simboliza com muita propriedade este aspecto. A história apresenta como protagonistas dois cachorros: um branco e um preto, que vão participar de uma luta voraz. Os animais pertencem a um mesmo dono. A recomendação para levar a vitória a um dos animais é a seguinte: se o desejo é que o cachorro branco vença a luta, então, ele deverá ser bem alimentado e receber o melhor tratamento até o dia da competição. Contrariamente, o cachorro preto será relegado, padecendo fome e sede.
Mas se o objetivo for que o cachorro preto vença, muda-se, então, o jogo. Ele, agora, é que será tratado a pão-de-ló e o seu algoz ficará ao relento com fome e sede. Não é um passe de mágica como propagam algumas correntes, mas a predominância de pensamentos, segundo estudiosos, entre outras coisas, se dá lançando mão da mesma estratégia utilizada na ilustração acima, ou seja, vence aquela que for mais alimentada.
O trecho abaixo foi extraído da Epístola aos Filipenses, capitulo 4, versículo 8. A sua aplicação vai muito além de questões religiosas. É algo prático que pode ser executado por qualquer pessoa e que estão plenamente em sintonia com as diversas recomendações dos especialistas, no que se refere à seleção de pensamentos. "...tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai".

Por Alderi Rabêlo


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