Como e Por que amamentar?

Como e Por quê Amamentar?

Composição do leite Materno

Considerações gerais sobre as modificações na composição do leite materno
O leite materno nem sempre tem exatamente a mesma composição. Há algumas modificações importantes e normais. A composição do leite também apresenta pequenas variações com a alimentação da mãe, mas essas alterações raramente têm algum significado.
Colostro
Nos primeiros dias depois do parto as mamas secretam colostro. O colostro é amarelo e mais grosso que o leite maduro e é secretado apenas em pequenas quantidades. Mas isto é suficiente para uma criança normal e é exatamente aquilo de que precisa para os primeiros dias.
Contém mais anticorpos e mais células brancas que o leite maduro. Dá a primeira “imunização” para proteger a criança contra a maior parte das bactérias e vírus.
O colostro é também rico em fatores de crescimento que estimulam o intestino imaturo da criança a se desenvolver. O fator de crescimento prepara o intestino para diferir e absorver o leite maduro e impede a absorção de proteínas não digeridas. Se a criança recebe leite de vaca ou outro alimento antes de receber o colostro, estes alimentos podem lesar o intestino e causar alergias.
O colostro é laxativo e auxilia a eliminação do mecônio (primeiras fezes muito escuras). Isto ajuda a evitar a icterícia.
O colostro é exatamente o que o bebê precisa nos primeiros dias!.
Leite Maduro
Em uma ou duas semanas, o leite aumenta em quantidade e muda seu aspecto e composição. Este é o leite maduro que contém todos os nutrientes que a criança precisa para crescer. O leite materno maduro parece mais ralo que o leite de vaca, o que faz com que muitas mães pensem que seu leite é fraco. É importante esclarecer que esta aparência aguada é normal e que o leite materno fornece água suficiente, mesmo em climas muito quentes.
Leite do começo e leite do fim
O leite materno é tão complexo e impossível de ser imitado, que sua composição muda até mesmo durante a mamada!
Leite do Começo:
O leite do começo surge no início da mamada. Parece acinzentado e aguado. É rico em proteína, lactose, vitaminas, minerais e água.
Leite do Fim:
O leite que surge no final da mamada parece mais branco do que o leite do começo porque contém mais gordura. A gordura torna o leite do fim mais rico em energia. Fornece mais da metade da energia do leite materno.
A criança precisa tanto do leite do começo quanto do fim para crescer e se desenvolver. É importante deixar que ela pare espontaneamente de mamar. A interrupção da mamada pode fazer com que receba pequena quantidade de leite do fim (e , consequentemente, menos gordura).
Na época das amas de leite, essas mulheres eram obrigadas a alimentar primeiro os filhos dos patrões e seus filhos recebiam apenas o leite do fim. Conseqüentemente recebiam toda a gordura e muitas vezes eram castigadas porque seus filhos cresciam mais que os filhos dos patrões!

Resumos dos Principais Componentes Imunológicos do Leite Materno

Componentes
Mecanismo
IgA Secretora
Lactoferrina
Lisozima
Macrófagos
Fator bífido
Impermeabilização antisséptica das mucosas (digestiva, respiratória, urinária)
Ação Bacteriostática (retirada de ferro)
Ação bactericida (Lise das bactérias)
Fagocitose (engloba as bactérias)
Lactobacilos – ácidos orgânicos: bactericida.

O leite de vaca, também contém fatores imunológicos de ótima qualidade, mas para o bezerro. Esses fatores só funcionam para a própria espécie, ou seja, não vale de um animal para outro de espécie diferente. Contudo, alguns desses fatores até poderiam funcionar, mas eles são destruídos pela armazenagem e pela fervura do leite.

AMAMENTAÇÃO E USO DE ÁGUA E CHÁS

Organização Mundial de Saúde
Programa Controle de Doenças Diarréicas
Resultados de pesquisas recentes indicam que a maioria dos recém-nascidos é amamentada na África, Ásia e América Latina. Entretanto, elas também mostram que a amamentação exclusiva, ou seja, o uso apenas de leite materno sem água nem chá, é uma prática infrequente. Água e/ou chás (tais como de camomila e erva doce) são frequentemente oferecidos a bebês, a partir da primeira semana de vida, na crença de que aliviam dor (cólica, dor de ouvido), previnem e tratam resfriados, obstipações, acalmam a irritabilidade, e, especialmente, matam a sede. A ingestão desse fluidos suplementares por bebês muito jovens associa-se com risco aumentado de doenças e diminuição na duração da amamentação. Além disso, vários estudos demonstraram que esses fluidos não são necessários durante o primeiro semestre de vida para crianças sadias amamentadas exclusivamente.
1. Amamentação exclusiva na infância precoce: prevalência
Estudos das práticas alimentares durante o primeiro ano de vida indicam que 98% das crianças nascidas na África, 96% das nascidas na Ásia e 90% das nascidas na América do Sul são amamentadas durante parte deste período. A amamentação exclusiva, entretanto, é geralmente curta. Mesmo em países onde os bebês são tradicionalmente amamentados por longos períodos, como Indonésia, Quênia, Peru e Filipinas, os fluidos suplementares são dados já nas primeiras semanas de vida. No Peru, por exemplo, demonstrou-se que, embora 99% das crianças fossem amamentadas no primeiro mês de vida, 83% recebiam água e chás além do leite de peito.
2. Riscos assocaidos com a ingestão suplementar de água e/ou chás
na infância precoce
A importância da amamentação na prevenção de diarréia foi demonstrada por vários estudos. A proteção é maior entre bebês exclusivamente amamentados. Pesquisa recente demonstrou que a administração de fluidos suplementares com água e/ou chás a bebês amamentados associa-se a um aumento significativo do risco de doença diarréica. Em estudo realizado em uma comunidade pobre de Lima, Peru, as taxas de incidência e prevalência de diarréia em bebês menores de 6 meses eram significativamente maiores entre os que recebiam água e chás do que nos amamentados exclusivamente. As taxas de diarréia dobraram com a adição de fluidos suplementares.
Um estudo de caso-controle sobre mortalidade infantil no Brasil demosntrou que bebês amamentados que recebiam água, chá ou suco apresentavam risco aumentando de mortes por diarréia. Cada ingestão adicional desses fluidos aumentavam substancialmente o risco de morte.
Bebês que recebem esses fluidos têm menor ingestão de leite materno do que os exclusivamente amamentados e também maior probabilidade de serem amamentados por menor tempo. No Brasil, por exemplo, bebês amamentados, aos quais se ofereceram água e chá nos primeiros dias de vida, tiveram probabilidade 2 vezes maior de interromper a amamentação antes dos 3 meses do que os exclusivamente amamentados.
3. Necessidades hídricas durante os primeiros meses de vida
A média diária de necessidade hídrica de bebês varia de 80-100 ml/kg na primeira semana de vida, a 140-160 ml/kg de 3 a 6 meses, dependendo da concentração dos alimentos, consumo de energia, umidade e temperatura do meio ambiente. Consumo abaixo do reuqerido levará à desidratação, com aumento na osmolaridade sérica e urinária.
Como as concentrações de sódio, cloro, potássio e nitrogênio do leite materno são baixas, um volume relativamente pequeno de ingestão hídrica é necessário para a excreção de produtos catabólicos. Cálculos indicam que bebês sadios que consomem leite materno o suficiente para satisfazer suas necessidades de energia, recebem também, com considerável margem de segurança, líquido suficiente para suas necessidades hídricas, mesmo em climas quentes e secos.

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