Alerta para a depressão Pós-Parto

Ter um filho é um momento de felicidade suprema, certo? Nem sempre. Para cerca de 10% das mulheres, a maternidade pode ser o início de um pesadelo chamado depressão pós-parto. A atriz americana Brooke Shields viveu a terrível experiência com o nascimento da primeira filha, Rowan, em 2003, e acaba de lançar nos Estados Unidos um livro escancarando sua história. Em silêncio, outras recém mães se sentem angustiadas, tristes e perdidas quando, pelo senso comum, deveriam estar exultantes. "Minha filha chorava e eu pensava: 'De novo?'. Olhava para ela e tinha vontade de chorar", confessa a dona de casa Patrícia Theunissen, de 32 anos. "Não entendia nada: a Julia [hoje com nove meses] era a terceira filha, a única planejada. Como podia não amá-la?"
Sinais de alerta
Apresentar qualquer um dos sintomas abaixo por mais de um mês após o parto pode ser sinal de que a nova mãe precisa de ajuda médica
Tristeza excessiva
Choro constante
Dificuldade de se apegar ao bebê
Desejo de morrer
Medo de machucar bebê
Agressividade e irritabilidade
Alterações de apetite e de sono
Perda progressiva da libido
Cansaço constante
Dificuldade de concentração
Desânimo, apatia o
Ataques de pânico
Chorar ou sentir-se um pouco triste no pós-parto é até comum: 80% das mulheres passam por isso. "É o que chamamos de baby blues, espécie de luto pela perda da barriga", diz Rita Calegari, chefe do setor de psicologia do Hospital e Maternidade São Camilo, de São Paulo. "Mas isso passa sozinho, em no máximo duas semanas." A depressão propriamente dita não dá trégua sem tratamento. A administradora Alexandra Eid, de 32 anos, só se curou com antidepressivos, e depois de dois anos. "Procurei ajuda profissional. Minha família só me criticava: todos achavam que era frescura", conta ela, mãe de uma menina de 6 anos. Hoje, Alexandra está grávida de novo e já procurou um terapeuta. Quer evitar passar por maus bocados outra vez. "É importante fazer um trabalho preventivo, para a mulher não precisar recorrer a antidepressivos depois", diz o psiquiatra Joel Renné Junior, coordenador do Ambulatório Pró-Mulher, do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Está certo que é difícil para a famíia acreditar e entender que a nova mamãe, em vez de estar nas nuvens com seu filhote, está, na verdade, doente. Mas, em quadros do gênero, a família tem um pepel fundamental. E quem está perto que pode observar o comportamento da gestante e, depois, da recém mãe - e, se for o caso (leia os quadros "Sinais de alerta" e "Fatores de risco"), fazer soar o alarme e dar apoio. A dona de casa Patrícia garante que não teria superado a depressão sem o marido. "Uma vez por semana, ele fica com nossa filha para que eu possa cuidar de mim", diz. Também para cuidar mais de si mesma, Patrícia deixou de amamentar Julia aos quatro meses e meio.
Fatores de risco:
Para prevenir, a futura mamãe deve começar a fazer uma terapia logo se...
Já teve depressão ou outro distúrbio psiquiátrico antes da gravidez. Ou tiver durante a gestação.
Possui casos de depressão na família.
Passou por situações estressantes durante a gravidez (perda de emprego, por exemplo).
Sofreu abuso (físico, emocional ou sexual) na infância.
A gravidez não foi planejada ou desejada.
Já passou por gestação ou parto difíceis.
Vivenciou morte ou doença grave de alguém próximo.
Separou-se do pai da criança durante a gravidez ou logo após o nascimento.
Teve abortamentos anteriores (naturais ou provocados) ou perdeu um filho.
Tristeza sem fim: depois do nascimento de Lucas, Márcia enfrentou mais de um ano de crises de choro.
Já para a bióloga Márcia Nunes de Oliveira, de 36 anos, a amamentação foi a melhor arma para vencer as crises de choro no pós-parto. "Não conseguia amamentar o Lucas, porque o bico do seio rachou e doía. Eu só pensava: 'Por que dizem que é bom ser mãe?'. Você não dorme, mal consegue se alimentar, a criança chora." O apoio da família foi fundamental para ela superar a depressão. "Minha mãe ligou para o obstetra e me levou à força lá. Aí que vi que precisava de ajuda." A bióloga procurou, então, um especialista em amamentação, o que contribuiu para criar um vínculo entre ela e o filho, hoje com 2 anos. "Mas demorou. Foi mais de um ano com crises de choro."
Os conselhos de quem já passou por isso:
A bióloga Márcia Nunes de Oliveira, que teve depressão pós-parto, dá suas dicas preciosas
Não se compare com outras mães.
Não se sinta culpada se tiver um acesso de raiva.
Não tente fingir alegria ou interesse.
Admita que você tem um problema e procure ajuda. Se seu filho tiver um pai presente, por exemplo, trate de explicar logo a ele seus sentimentos. Você pode procurar também gente da família, seu médico, um psicólogo ou grupos de apoio. Lembre-se sempre: você não é a única a ter depressão pós-parto. Experimente contar a outras mães seus sentimentos e você verá que eles são bem mais comuns do que imagina. Saiba que nem toda mulher ama incondicionalmente seu filho assim que ele nasce. O amor surge no dia-a-dia.

Fonte: revistacriativa.globo.com

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