Ergogénese Nutricional dos Lipídios e seus Facilitadores Metabólicos em Exercícios Prolongados

Os carboidratos e lipídios são os substratos energéticos predominantes para o fornecimento de energia em exercícios prolongados. Uma alternativa capaz de reduzir a utilização do glicogénio muscular e, consequentemente a fadiga, é otimizar a utilização dos lipídios como fonte de energia. Estratégias nutricionais tem sido propostas com essa finalidade. Dentre estas destacam-se as dietas hiperlipídicas, utilização de triglicerídios de cadeia média (TCM), L-carnitina, cafeína, ácido linoleico conjugado (CLA) e glicerol. Os efeitos ergogénicos são mais pronunciados com a suplementação de cafeína e glicerol.

Já a carnitina e TCM parecem não promover benefícios adicionais ao treinamento. O aumento da oxidação de lipídios ocorre com dietas hiperlipídicas, embora estudos não evidenciem melhor desempenho físico. A utilização de CLA como ergogónico é recente e mais estudos são necessários. O treinamento induz adaptações metabólicas favorecendo a utilização lipídica e o rendimento físico, tornando, muitas vezes, desnecessária a suplementação de facilitadores da oxidação. Exercícios prolongados, particularmente aqueles com duração superior a 30 minutos e que se prolongam por horas como endurance e ultra-endurance, podem induzir aumentos das necessidades energéticas acima de 10 vezes em relação ao repouso.

Além da duração, a contribuição relativa dos substratos energéticos é dependente da intensidade do esforço. A gordura é o combustível predominante em esforços prolongados de baixa a moderada intensidade (65% do VO2mx). Nessa situação, os lipídios contribuem com 40 a 80% da energia total dispendida e são oxidados cerca de 0,6g/min, sendo aproximadamente 50% provenientes do tecido adiposo e 50% dos triglicer?dios intramusculares (TGIM). No entanto, a oxidação exata dos TGIM ainda é desconhecida por ser difícil de ser medida diretamente (Mittendorfer & Klein, 2003).

Conforme a intensidade do esforço aumenta (>75% do VO2max) ocorre declínio na oxidação de gorduras e aumento da utilização de carboidratos, os quais são importantes tanto em exercícios prolongados como em atividades intermitentes e/ou que envolvem sprints. Portanto, a depleção dos estoques de glicogénio muscular reduz o desempenho físico. Por esse motivo, inúmeras estratégias nutricionais t?m sido propostas, no sentido de otimizar a oxidação dos ácidos graxos durante o esforço, poupar os estoques de glicogénio, prolongar a disponibilidade de carboidratos e o tempo de esforço.

Dietas ricas em carboidratos dias ou horas antes da competição, a supercompensação e ingestão de carboidratos durante o treino e competição são bastante utilizadas entre os atletas. Uma alternativa capaz de substituir ou poupar os carboidratos como substratos energéticos é a utilização dos lipídios e seus facilitadores metabólicos. Dentre as estratégias mais utilizadas para essa finalidade destacam-se a ingestão de dietas hiperlipídicas, triglicerídios de cadeia média (TCM), L-carnitina, cafeína e recentemente a administração do ácido linolóico conjugado (CLA) e glicerol (Hawley, 1998). 

Autores:

Dr. Roberto Carlos Burini

Prof. Dr. Responsável pelo CeMENutri, Depto Clín. Saúde Pública, FMUNESP

Dra. Carolina de Filippi Sartori 

Centro de Metabolismo em Exerc?cio e Nutrição (CeMENutri) da Faculdade de Medicina (UNESP), Botucatu, SP.

Dra. Christianne Coelho Ravagnani

Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição (CeMENutri) da Faculdade de Medicina (UNESP), Botucatu, SP, Nutricionista e Professora de Educação Física, mestranda do Programa de Pós-graduação em Nutri??o Humana Aplicada (PRONUT), FCF-USP/SP.

Dra. Juliana Machado Bastos

Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição (CeMENutri) da Faculdade de Medicina (UNESP), Botucatu, SP.

 

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