Ração Humana não é Refeição


Por Carla Guedes

O nome "ração humana", mistura de cereais rica em fibras, está banido das prateleiras de lojas no País. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu o termo para tentar evitar que as pessoas substituam os produtos pelo almoço ou jantar e porque essa denominação pode gerar dúvidas nos consumidores.
O rótulo dos produtos também terá que mudar. As etiquetas não podem alegar propriedades medicamentosas, terapêuticas e emagrecedoras.
A nutricionista Ana Paula Souza diz que houve uso indiscriminado da ração humana, que passou a ser usada como substituta de um prato de arroz e feijão.
Segundo ela, o produto não é balanceado para ser trocado por um almoço. "O próprio nome ‘ração humana’ dá a impressão de que só aquilo é suficiente para a pessoa se alimentar e que é uma refeição completa, mas não é."
A melhor forma de acrescentar a ração na dieta é em lanches intermediários. "Comer a ração humana na hora do almoço pode até fazer a pessoa perder peso, mas não cria hábitos saudáveis".
A ração é uma mistura de nove a 13 ingredientes. A receita milagrosa promete de tudo: acelerar o metabolismo, perder peso, estimular a digestão, regular o intestino e saciar a fome.
O produto faz bem à saúde, desde que a fórmula seja personalizada, caso contrário, pode ser prejudicial. Para os hipertensos, o guaraná em pó – um dos ingredientes da receita – é um perigo porque eleva a pressão arterial. Outro exemplo é o açúcar mascavo, que não faz bem aos diabéticos.
A vendedora Vergínia da Silva aderiu à ração humana depois de ver notícias na internet sobre os efeitos da mistura. "Eu quero perder 3 quilos e espero que a receita ajude." Ela trocou o jantar por duas colheres do produto, misturadas em um copo de suco.
Gerente de uma loja de produtos naturais, Aline de Lara diz que chegou a vender 30 unidades da ração humana em um único dia. "A ração não é boa para quem quer perder peso, mas também para quem está com a saúde debilitada e carente de nutrientes."
A loja onde Aline trabalha vende dois tipos do produto: completo, com 13 ingredientes, e light. A versão light – livre de guaraná em pó, açúcar mascavo e cacau – é a mais indicada para hipertensos e diabéticos.
"Sempre aconselho o cliente a procurar um nutricionista antes de começar a ingerir a ração e alerto que ela não pode substituir o almoço. Ninguém pode viver só de ração humana."
A Anvisa alega que esses produtos "não fornecem todos os nutrientes necessários para uma alimentação adequada". E que substituir a mista por refeições "pode gerar danos, como a anemia, devido à carência de nutrientes".
A empresa que quiser vender produtos com propriedades funcionais e ou de saúde deve solicitar registro desses produtos na Anvisa. Quem não cumprir as exigências pode ser multado em até R$ 1,5 milhão.

Fonte: Jornal O Diario 12/05/2011

Nutrição e Saúde

Av. Cerro Azul, 217 - Zona 02 - Maringá - PR (44) 3031-0802(44) 9701-6261
Copyright 2005 - 2009 - Clínica de Nutrição Santé e Consultoria